Corso



* FICHA TÉCNICA
Ordem: Artiodactilos
Família: Cervídeos
Género: Capreolus
Espécie: Capreolus Capreolus (Linnaeus, 1758)
Peso médio: Entre 15 e 30 Kg, sendo a média 20-21 Kg

* DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE
Espécie cuja capacidade de adaptação é sem dúvida das mais notáveis, é o mais pequeno dos cervídeos portugueses, de aspecto gracioso mas compacto.
Sobretudo activo durante a madrugada e o fim do dia, passa a maior do tempo restante embrenhado no coberto,comendo ou repousando; este facto, aliado ao comportamento arisco que o caracteriza, bem como ao tipo de terreno em que geralmente se encontra, faz com que estes animais dificilmente sejam vistos, mesmo pelas pessoas que frequentam os locais por eles habitados.

Em comparação com o veado - entre os nossos cervídeos sem dúvida o mais conhecido - o corço é um animal bastante mais pequeno, variando o seu peso entre os 15 e os 30 kg; as suas armações são também mais pequenas e menos ramificadas: geralmente a armação dos animais adultos não atinge mais do que três pontas em cada haste, dizendo-se então que o animal tem uma cabeça de seis pontas. Ao contrário do que pode acontecer com o veado, a armação do corço não nos dá a indicação precisa da idade do animal pois o número de pontas, bem como o aspecto geral da cabeça, dependem mais de factores como a alimentação, estado de saúde, número de animais por hectare, entre outros, do que propriamente da idade.

No que respeita ao dimorfismo sexual, ele é sobretudo patente no facto de, tal como no veado e nogamo, só os machos possuírem armação. No entanto, durante a época do ano em que os machos não têm armações ou mesmo em situações de visibilidade difícil, é possível distinguir o macho da fêmea pela forma do escudo anal: no macho é em forma de rim e na fêmea é em forma de coração.

Eminentemente esquivo, o corço encontra-se de preferência em zonas onde a vegetação se caracteriza por uma alternância de bosques e prados, com culturas e zonas de mato de densidade e altura variáveis.

Embora tímidos e desconfiados, não é invulgar encontrarem-se corços nas vizinhanças das povoações, desde que exista abrigo apropriado nas imediações. Esta aproximação deve-se à procura - para a alimentação - das culturas que normalmente se situam ao redor das aldeias. De qualquer modo, os estragos provocados por estes animais não são, salvo raríssimas excepções, sensíveis, pois que, para além de preferirem comer aqui e ali, os corços também dependem bastante da vegetação arbustiva, como giesta, urze, silvas e ,outros arbustos, Os frutos encontrados no chão (castanha, bolota, cereja, etc.), bem como alguns cogumelos, fazem parte também da alimentação destes animais.

No aspecto comportamental e reprodutivo, não são grandes as diferenças entre esta espécie e os restantes cervídeos portugueses.
 O corço é um animal fundamentalmente solitário, não formando - no nosso país - rebanhos, mesmo durante o Inverno; acresce que, no caso dos machos, há uma fase do ciclo de vida - iniciada geralmente em Março com a limpeza do veludo que cobre' as hastes - a que corresponde a delimitação de uma área de tamanho variável, através da secreção de glândulas especiais e marcas efectuadas com as hastes em arbustos e árvores jovens; o macho passa então a defender esta área, o território, dos outros machos adultos. Este tipo de comportamento prolonga-se até ao cio, que em Portugal ocorre entre Julho e Agosto.
Os partos ocorrem geralmente em Maio; a gestação anormalmente longa da corça (10 meses) explica-se pelo fenómeno da implantação retardada, que se resume à paragem do desenvolvimento do ovo logo após a fecundação, recomeçando só em Dezembro/Janeiro (o embrião mede nesta altura só 2 cm), desenvolvendo-se então o processo de forma normal até às parições, que vão assim ocorrer numa época especialmente favorável em termos alimentares.

As fêmeas podem ter a primeira criação com a idade de 2 anos. Parem com alguma frequência duas crias (de sexos diferentes), por vezes só uma cria e raramente três (as fêmeas mais velhas)